Reunião de 05/04/2017
Miguel Reale Júnior, jurista e professor de Direito da USP
E agora, Brasil?
Com o desafio de responder a pergunta “E agora, Brasil?”, o jurista Miguel Reale Jr., ex-ministro da Justiça de Fernando Henrique Cardoso e professor titular de Direito da Universidade de São Paulo, fez um arrazoado de fatos históricos que conduziram o País à cena atual, frisando que as soluções para os problemas, muitas vezes, são suscitadas no calor do momento. Em seu ver, há de se ter uma visão holística da vida nacional para, então, se tecer uma visão consistente de futuro.
Segundo ele, que proferiu palestra no NAT em 5/4, não é possível responder a questão com uma visão específica do momento. “São tantos os acontecimentos que a tentação de responder a tantos problemas diários que aparecem, nos distancia de um olhar conjunto sobre a situação do País”, afirmou. “Lista fechada, lista aberta, sistema eleitoral, reforma da previdência, terceirização, leis trabalhistas… É um grande volume de questões e perdemos a noção de compreensão do todo”. Para Reale Jr., a pergunta não pode ser a ‘E agora?’ – que é a questão imediatista colocada nas redes sociais. A questão é: onde o País se perdeu no processo político? “Sim, porque da Constituinte de 1988 para cá, houve uma perda”, enfatizou.
Desde os acontecimentos que resultaram na promulgação da Constituição de 1988, passando pelas crises de governos anteriores e chegando aos dias de hoje, Reale Jr. evidenciou os impactos da falta de construção de instituições políticas sólidas e de representatividade dos partidos, entre outros aspectos, no cenário nacional.
Reale enfatizou o importante papel da sociedade civil organizada nos acontecimentos recentes do País. “Precisamos de vigilância constante. Precisamos deixar claro que não toleramos mais impunidade”, asseverou, defendendo ainda, a longo prazo, uma profunda reforma política.
Flavio Amary, presidente do Secovi-SP, sublinhou o papel desempenhado pela entidade no processo de apoio ao impeachment. “Sempre nos posicionamos de forma apartidária e em favor do Brasil. E vamos apoiar as reformas necessárias para que o País volte a crescer, indo a Brasília, conversando com os congressistas, e expondo nossa opinião de forma transparente”, disse. “E gostaria de aproveitar para agradecer o senhor. Seu nome ficará gravado na história do País.”
Leandro Vieira
Assessor de Comunicação do Secovi-SP
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