Reunião de 14/4/2014

Com visão sistêmica do funcionamento da iniciativa privada – cujo princípio mais relevante é o da eficiência –, Paulo Skaf, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), do Sesi (Serviço Social da Indústria) e do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), credencia-se como um dos virtuais candidatos ao governo do Estado de São Paulo nas eleições deste ano. Para ele, o poder público carece, em todas as suas franjas, de processos mais simples. “A simplificação não é modelo para realizar as coisas”, lamentou o dirigente da maior entidade industrial da América Latina, durante reunião da Política Olho no Olho promovida juntamente com o NAT (Núcleo de Altos Temas), do Secovi-SP, em 14/4.

A falta dessa simplificação implica mais burocracia ao cotidiano das empresas. Pesquisa encomendada pela CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) à Booz & Company revelou que, se houvesse um programa de desburocratização e desregulamentação aplicável ao setor imobiliário, removendo empecilhos, haveria uma redução da ordem de 15 a 20% no preço final dos imóveis. “Isso beneficiaria principalmente as famílias que buscam adquirir a primeira moradia e têm menor renda”, disse Claudio Bernardes, presidente do Secovi-SP. “Este ponto veio reforçar o que há anos o Sindicato, em conjunto com a Fiesp, vem propugnando e demonstrando por meio do Construbusiness, um amplo estudo sobre a cadeia produtiva do segmento, do qual participamos diretamente em conjunto com o Departamento da Indústria da Construção, o Deconcic”, emendou.

Romeu Chap Chap, coordenador do NAT, destacou que, na idealização do encontro com Paulo Skaf, foi ponderado que sempre se avalia o que a indústria pode fazer pelo Brasil. “Todos, principalmente os governantes, cobram de empresários e empreendedores ações para garantir produção, emprego e, naturalmente, arrecadação de impostos. Entretanto, há uma pergunta que poucos se fazem: o que o Brasil pode fazer pela indústria? Por hipótese, talvez seja essa uma das razões que levaram nosso palestrante buscar o mundo político, com o objetivo de atuar num ambiente onde terá maiores condições de gerir e de influenciar as diretrizes que pautam nossos destinos”, conjecturou.

Vida políticaSkaf pontuou que, embora a atuação na vida política ainda seja alvo de estigmas, não há como prescindir de sua importância. “Só reclamar não adianta nada. Meu motivo principal de ter entrado na política é que fora dela a gente não tem como fazer as transformações”, pontuou. Como exemplo, citou as lutas protagonizadas pelo setor imobiliário em um passado recente para impulsionar a produção de moradias. Todas as reivindicações – desoneração, financiamento, desburocratização – foram ouvidas e acatadas na esfera política.

Sem citar nominalmente o governador Geraldo Alckmin e o PSDB, Skaf apregoou que o momento é de renovação. Teceu críticas ao momento por que passam as áreas de educação, saúde, segurança e infraestrutura, sugerindo que, há muito tempo, o Estado de São Paulo deixou de fazer jus à posição que lhe seria digna no cenário nacional, dada sua relevância econômica.

Educação –Dinheiro há para investir na educação paulista – segundo Skaf, o orçamento é de R$ 56 bilhões. Na avaliação do dirigente da Fiesp, essas vultosas cifras se perdem no meio no caminho, não chegando a ser utilizadas adequadamente. Mais: criticou a falta de valorização dos professores, cujo salário inicial é de cerca de R$ 1.900,00, e o regime de progressão continuada – disseminado pelo PSDB em âmbito estadual, embora sua gênese seja o governo Erundina, então do PT, quando à frente da Prefeitura de São Paulo.

Como exemplo de gestão bem-sucedida na área, Skaf citou o Sesi e o Senai. “Quando assumi a presidência [da entidade], tínhamos 400 mil metros quadrados de escolas; hoje, temos 1 milhão”, afirmou. Disse que o nível dessas escolas as alça à condição de melhores do mundo. As disciplinas nelas ensinadas são as mais variadas – desde educação básica, fundamental, passando pelo ensino médio e técnico profissionalizante “Nossos alunos de Robótica estão em Toronto disputando medalhas”, exemplificou.

Segurança –“São Paulo gasta 1% de seu PIB com segurança. A Alemanha gasta o mesmo. Mas vai ver o resultado da segurança alemã e compare com a nossa”, provocou Skaf, para quem os números divulgados pela Secretaria de Segurança Pública, que coloca o estado entre os mais seguros do País, são “duvidosos”.

Saúde e transporte público – “O pessoal não consegue organizar a fila do SUS. Há pessoas que precisam de um ultrassom, de exames. Marcam para depois de seis meses. E metade da fila morre”, pontuou, atribuindo tal fato à falta de tecnologia que poderia ser empregada no atendimento a pacientes do sistema de saúde – conquanto não tenha explanado qual seria essa tecnologia.

Sobre a situação do metrô, lamentou que a cidade tenha pouco mais de 70 km de trilhos, enquanto a Cidade do México conta com mais de 400 km.

Infraestrutura –Para Skaf, as obras viárias estão atrasadas. Mencionou o Rodoanel, cuja concepção se deu nos anos 90, conquanto ainda não esteja concluído. Listou a situação dos acessos aos portos do estado, classificada por ele como uma “vergonha”.

Novos tempos – Em clara referência à permanência de décadas do PSDB à frente de São Paulo, o dirigente da Fiesp enfatizou que “as pessoas que governam o maior estado do país são as mesmas há 20 anos. É muito tempo! Para atingir resultados diferentes, é preciso fazer diferente.”

Egressos – Skaf colocou-se à disposição para colaborar com o Secovi-SP e o Ampliar nos projetos de ressocialização de egressos do sistema penitenciário.

Leandro Vieira
Assessoria de Comunicação/Secovi-SP

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Download – Pronunciamento Romeu Chap Chap