Reunião de 11/11/2010
“As diferenças entre gestão pública e gestão privada”

Para traçar um contraponto entre as diferenças da Gestão Pública e a Gestão Privada, Pedro Parente, presidente e CEO do grupo Bunge Brasil foi o convidado do NAT (Núcleo de Altos Temas do Secovi-SP), dia 11/11, na sede do Sindicato. Reconhecido como um dos principais ministros do governo Fernando Henrique Cardoso, Parente enfatizou que, embora o serviço público não busque o lucro, tem a obrigação de maximizar os recursos do contribuinte.
Durante sua apresentação, elencou os principais fatores que contribuem para a má administração pública, a exemplo da descontinuidade do planejamento de um governo para outro, condicionada principalmente ao partido político que o ocupa. “Muda-se o governo, muda-se o planejamento, gerando perdas. Não são estabelecidas metas e nem a redistribuição delas”, na sua opinião. Também focou a burocracia e a lentidão da máquina, a propensão à inatividade do funcionalismo, pontuando que o excesso de regras e punição leva muitas pessoas de bem a não ingressar no serviço público e nem se expor dentro dele. “Às vezes, o risco de fazer é maior do que não fazer”, pondera. Isso, sem falar nos acomodados de plantão, “para os quais ficar quietinho num canto pode parecer menos arriscado”.
O mais importante, reflete, entretanto, é a falta de autonomia e de foco nos resultados. Neste sentido, Pedro Parente enfatizou que o atual sistema de controle do governante não garante a eficiência e nem o alcance de metas. Segundo apregoa, é preciso ter continuidade e não continuísmo, processos de gestão de qualidade – citando o do governo de Minas Gerais – e foco em resultados. “Acho que o que motiva é olhar os resultados, quanto temos de retorno para os investimentos. A metodologia de gestão precisa de persistência e disciplina”, afirma Parente.
Sobre o futuro, Parente revela que não vê luz no fim do túnel e pergunta: “será que a classe política estaria preparada para um modelo de gestão de qualidade no setor público? E a sociedade, aceitaria tais modificações, uma mudança de cultura tão radical?”. Ele acha que não, embora isso não signifique que é preciso continuar a perseguir um novo modelo de gestão para o setor público, pois, sem isso, o Brasil continuará a desperdiçar recursos.
Romeu Chap Chap, conselheiro do Secovi e organizador da plataforma de debates do NAT, esteve na coordenação dos trabalhos, juntamente com os diretores Claudio Bernardes e Paulo Germanos.
De acordo com Chap Chap, a questão focalizada por Pedro Parente merece entrar na agenda do próximo governo. “Devemos tentar levar o tema à presidente Dilma Rousseff”, defendeu.
Silvia Carneiro
Assessora de Assuntos Institucionais/Secovi-SP










