Reunião de 2/2/2017

Ricardo Gambaroni: “Há compatibilidade entre PM e direitos humanos”

O Núcleos de Altos Temas do Secovi-SP (NAT) iniciou os encontros do ano com a presença do comandante da Polícia Militar do Estado de São Paulo, coronel Ricardo Gambaroni.

“O ano passado foi bastante agitado. Recebemos importantes personalidades, muitas delas em conjunto com a Política Olho no Olho do Secovi-SP. Aqui estiveram, dentre outros, o ex-secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo Alexandre de Moraes, hoje ministro da Justiça e futuro membro do Supremo Tribunal Federal; o senador Ronaldo Caiado; os juristas Ives Gandra da Silva Martins, Modesto Carvalhosa e Adilson Dallari; o almirante Glauco Castilho, Comandante da Marinha; o governador Geraldo Alckmin e Mágino Alves Barbosa Filho, secretário estadual de Segurança Pública”, relatou o coordenador do NAT, Romeu Chap Chap.

“E fechamos 2016 com as presenças de Roberto Rodrigues (ex-ministro Agricultura) e Maurício Lopes (presidente Embrapa), que nos mostraram por que segurança alimentar é sinônimo de paz mundial. Começamos 2017 recebendo, com muita honra, o comandante-geral da Polícia Militar do Estado de São Paulo, coronel Ricardo Gambaroni. Nosso palestrante tem grande conhecimento sobre assunto que nos afeta diretamente. O seja, as nossas vidas; as vidas de nossa família, amigos e colaboradores”, afirmou.

“Mais do que nos mostrar o trabalho da PM em prol da segurança pública, temos aqui alguém para nos falar sobre algo um pouco mais profundo: tranquilidade pública. Segurança é o que vem de fora. A proteção que nos envolve. Tranquilidade é o que vem de dentro. A paz que nos guia”, adicionou Chap Chap.

O presidente do Secovi-SP, Flavio Amary, que completara seu primeiro ano de gestão um dia antes da reunião do NAT, destacou que a atuação da PM é decisiva para a manutenção da ordem e vários outros aspectos, incluindo a preservação do direito de propriedade. Ainda no início do ano, a PM agiu prontamente para impedir ocupação de área realizada por movimento popular, garantindo a reintegração de posse dos terrenos.

“Entendemos o drama que os cidadãos sem teto experimentam. Todavia, há que se respeitar a legislação e o constitucional direito de propriedade. Cabe a nós, como instituição da sociedade civil, lutar por políticas que eliminem a chaga social representada pelo déficit de moradias”, considerou Amary.

 

Amparar, proteger, acolher

Com 36 anos de sua vida dedicados à PM, o coronel Ricardo Gambaroni é especializado em policiamento estratégico em diversas áreas. Formado pela Academia de Polícia Militar do Barro Branco, Gambaroni é piloto policial de aviões e helicópteros pela Escola Internacional de Aviação Policial da Inglaterra. Possui aproximadamente 6 mil horas de voo, e há mais de 20 anos pilota os Águias da PM.

Mestre e doutor em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública, no Centro de Altos Estudos de Segurança da Polícia Militar do Estado de São Paulo, também tem especialização em Liderança e Gestão de Polícia na Academia Nacional do FBI.

Em sua exposição, sobre “Gestão e tecnologia na redução criminal”, o comandante-geral apresentou os vários serviços prestados pela PM nos 645 munícios do Estado de São Paulo, os quais incluem atividades como ronda escolar, policiamento comunitário, aviação policial, política ambiental etc.

“Recebemos mais de 100 mil ligações por dia no 190, 193. Semanalmente, uma criança engasgada é salva por nossas atendentes, por telefone. Nosso Centro de Operações (Copom) – que tivemos a oportunidade de visitar – é um dos maiores do mundo. Ultrapassa Nova York. Estamos avançando em tecnologia e gestão, melhorando o atendimento à população”, afirmou.

 

Direitos humanos

Membro do NAT e integrante da Academia Internacional de Direito e Economia, dentre outras, o jurista Ney Prado relatou que seu pai foi um dos precursores da PM, então conhecida como Força Pública.

Com base em seus conhecimentos e vivência em cursos de segurança pública nacional e continental (representou o Brasil no Congresso Interamericano de Segurança Pública), bem como na Constituição de 88, considerou que a PM de hoje enfrenta “um problema de legitimidade, pois não conseguiu a adesão da população”.

“Existe diferença entre o poder de polícia e o poder da polícia. O emprego da força pela PM é entendido como desrespeito a direitos humanos, e isso termina prejudicando a imagem da corporação”, afirmou.

Segundo Ricardo Gambaroni, há total compatibilidade entre a PM e os direitos humanos. “Quando se usa a força, na maioria das situações vidas são preservadas, incluindo a dos criminosos. A cada 100 mil criminosos, ocorrem 8 mortes. A cada 100 mil policiais, são 35 óbitos. São escudos humanos. E dói muito entregar aquela bandeira dobrada, assim como dói prender o policial que cruzou a linha e matou um criminoso. Temos de trabalhar para fortalecer valores e garantir uma polícia eficiente e cidadã”, concluiu.

Silvia Carneiro
Assessora de Assuntos Institucionais do Secovi-SP

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